dia 08/10

Foi bem aqui que tudo começou. Não. Aqui foi aonde terminou. Tudo começou na esquina de baixo. Mas quero falar daqui, deste lugar indescritível. Ela gritava e me xingava como uma louca, ou como uma amante, ou como uma histérica ou como alguém que amava.

 

Sei lá, deve ser paranóia minha, mas aqueles gritos não eram meus, não me pertenciam. Eu só conseguia ouvir Janis Joplin no meu fone, ou seja, ela cantou Janis de um jeito maravilhosamente lindo. Puta que pariu, nunca alguém cantou Joplin no meio da rua pra mim. Nem se quer em ambiente fechado. Orgasmo. Mas senti as lágrimas, sabia que era o fim. Mas aquele orgasmo tomou conta de mim e por nada nessa vida eu tiraria os fones para ouvir palavras sinceras. Por nada nessa vida perderia um orgasmo setentista.

 

Como ela chorava. Chorava demais. E meu orgasmo era forte demais para se comover com lágrimas que logo não existiram mais. Perdi dois quilos. Ela engordou sete (e me culpou por oito). Não havia desculpas, não havia redenção. Fiquei imóvel e ao mesmo tempo em movimento. É como se meu corpo girasse com os ponteiros do relógio na linha do horizonte, procurando o nascer do sol do dia seguinte. De repente percebi um silêncio dela. Um grito da Janis. Uma morte minha.

 

Enfim resolvi falar. Enfim resolvi olhar. Enfim não tirei os fones. Olhei bem fundo e pedi perdão. Ela com olhar carnívoro, me olhou e pensou em tudo que poderia repetir, as palavras de calão alto que poderia dizer acabando com minha moral na época eleitoral. Mas não, ela ficou em silêncio.

 

Completei com um silêncio médio e poucas palavras: você é adorável, mas não suficiente. And when you walk around the world, baby you said you’d try to look for the end of the road, cry cry cry baby. Come on.

 

muito café e pouco amor, ele se resumia nesta frase. Ele era essa frase. De frente. de verso, em outra fonte, em outro tamanho, até descrita por foto ou ilustração. Não é que ele não amava. Ele amava demais, só não enxergava,, apenas bebia.

[desconsidere]

café, lírio, dúvidas.
repetindo e me olhando, não era.
não seria, se fosse morte,
não choraria se fosse alegria.
cafeína me domina,
lírio me enfatiza,
dúvidas me reafirmam.
esqueci da regra dos 3,
desaprendi a somar 1+1,
a subtração sou eu,
a divisão não me quer,
pitágoras me confunde.
de repente eu tinha algo seco por dentro,
algo sem incolor, intangível.
me pertence e me arranca.
menos dois quilos de dor.

primavera.

Insisto em declarar minha revolta em minha insônia. Cafeína. Cigarros. En-torpecentes. Escritos. Fotografias. Livros. Morte. Ressureição. Espelho. Espelho. Espelho. Nada de nasrcisismo nesta noite. Apenas me olho, mergulho nos olhos que não são ressaca, muito menos de esperança.
Soco. Silêncio.
Silêncio. Soco.
Multiplico minhas verdades, encaro minhas derrotas. Cabelo amassado. Clico para não esquecer. Beijo- me para recordar. Mordo- me para sentir. Joy Division. Volume máximo. Chão. Sinto meu solo como se fosse o meu céu, meu céu onde me perco e encontro as nuvens da discórdia. Incremento a salvação e enfim, cafeína. Café, café, café. Sonic Youth. Escrevo, jogo fora, engulo, risco de pele, risco de parede, risco de espelho.
Talvez eu não durma por alguns dias. Talvez eu durma por alguns meses. Talvez seja imaginação. Talvez, reação.

logo pela manhã.

Sorriso logo pela manhã. Essa era Joana. Pelo menos para mim, ela era Joana. Minha Joana das manhãs de inverno e de verão.

Trem (05:57) – Joana atrás de mim, segurando livros com seu ar de felicidade matinal que vive carregado pelo par de sapatos ridículos, coloridos e enxutos. Prefiro não me descrever, mas sintetizo em olhar sonolento, camisa amassada. Joana vai sentada lendo seu pré- vestibular; vou em pé, encostado desejando fones de ouvido.

Joana se concentra, mas nem tanto, pego ela quase debruçada ao livro, e logo emergindo e retornando a sua leitura vanguardista. Joana é simples demais para estes livros obrigatórios. Porque não indicam Drummond para Joana’s? Joana é um nome infeliz para ela. Porque aquela moça que se diz sua mãe desde a infância não a abençoou com Clara? Clarice? Cecília? Carla. Qualquer C deixaria mais bela, mais compreensível. Ela é cega por dentro e isso me corrói.

AH JOANA! Por mim gritaria assim nesse instante e imploraria por sua morte, você não precisa se entregar aos machados, azevedos, rosas e esses bostas que destroem sua vida. Segura minha foca e conheça o lado poe da vida.

Desculpa minha exautação Joana. Mas é que eu aprendi o que é sofrer por causa de uma cegueira curada.

talvez já tenha morrido demais para largar minha vida assim. cigarros e cafeína não alteram minha indiferença.

Elliott na mente

Verões e verões se passam,
algumas coisas caem a mudar
seja comportamento ou seu porte físico.
(ou não)

Agora um ano se aproxima do fim,
e o que mudou? – e o que não mu_dou?
há muita coisa trasnformada,
muitos sentimentos caídos,
e vontades mutiladas.

Meu café não mudou,
meu corpo: talvez
meus sentimentos: nem se moveu.

Quero água de se beber,
quero beijo de se beijar,
quero corpo de se tocar,
quero em demasia e isso me estraga.

Meus pés soltam tinta,
me desfaço para refazer, talvez, um novo.
um novo de algo que nem nasceu,
que nem encontrou o caminho da vagina.

momento

Meu desejo é tirar um print screen de toda minha vida, de tudo que eu faço, e do que eu não faço, e lhe enviar via sms para entender que eu posso sorrir mais do que um dia sorri pra você.

 

 

(Cat Power- She’s got you)

Não tenho mais forças para tocar o chão, não sei mais como se chega ao chão. São apenas tentaivas falhas que há dentro de mim. Não sei mais como se faz para atingir o grau nulo da realidade, não sei mais soletrar realidade. Ser real já não faz parte do que chamo de eu.

Você destruiu o que eu apelidei de vida, não destruiu por não me amar, nem me querer: destruiu por me amar demais e não me querer. Ingratidão? Não, é egoísmo mesmo. Seu tempo ócio nunca foi feito para mim, seu tempo ócio sempre foi e sempre será preenchido de nada, um nada sem escrúpulos algum. O seu nada nem se compara ao meu nada. O meu nada é silencioso demais para você entender e colorir.

Hoje você ainda me persegue, não sei qual a razão que trás seus pensamentos aos meus, não sei porque há uma força que não permite meus dedos vermelhos de apertar delete em tudo que há você. Não sei porque eu ainda me importo com alguém que já é outro alguém.

Sei que haverá dezenas de pessoas que hão de pensar que esta merda de palavras são direcionadas a elas, e que pense. Elas sempre acreditam nas minhas palavras. Até você!

Depois de uns anos resolvi escrever pensando em ti (cá está, você sempre pediu por dentro, não é?), não sei o que me traz estes sentimentos, se eu pudesse te mataria por amor, se eu pudesse te deixava empalhado depois em minha sala, junto a todas cuecas que nesta vida conquistei.

porque pessoas insistem em se apaixonar?